segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A beleza da noite!


Dando vivas a nossa sujeira linda, caminhamos durante a noite e pelas
horas que ela arrasta. Venham todos! venham todos! vamos rir de todas as desgraças!
Tirem suas máscaras a noite nos privilegia com um disfarce
de tão natural mistério, que temos a regalia de nos livrarmos
das máscaras que machucam nossos rostos e prendem nossos cabelos.
Venham todos, vamos blasfemar ao relento e rir do Deus sujo ao qual eles se submetem.
Deus esse, que se fosse como eles dizem, cheio de defeitos e arrogância,
estaria aqui a blasfemar conosco, bebam do meu copo e dancem,
dancem crianças, dancem sem se preocupar, aproveitem bem,
afinal, mais cedo ou mais tarde o sol irá raiar...


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

E deixe o mérito no bar...


Ele ainda acordado, cabeça um pouco embaralhada da cerveja
gelada que agora quente jazia imóvel em seu copo.
Ele sempre soube como seguir em frente, tropeçando entre
estrelas e sambas descompassados vivia dançando como
um palhaço embriagado. Sorria a todas as tristezas que lhe fizeram chorar,
a falsidade linda da mesa do bar do Carlo. Ele propunha um brinde aos sonhos
caídos, se cansara dos resmungões rabugentos que não paravam de reclamar
da vida, a vida é linda, está na beleza do copo, na avareza do velho, no cigarro de burguês
no sotaque Francês, na dança a três, em ficar mais um pouco, no grito do louco,
em ficar acordado, em ficar irritado, no barraco assombrado, no tiozão engraçado,
tanto faz, ao voltar pra casa o sol estaria nascendo e o café estaria fresco e naquele momento era tudo que importava ...



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um refúgio


E la estava ele, mais uma vez sentado no escuro.
Era sempre igual, ele sentava ali e tudo lhe vinha em mente,
discussões internas com um subconsciente não muito amigável,
saudades, tristezas, alegria, arrependimento... no dia de hoje não havia lhe
ocorrido nada de especial, ele estava meio perdido pois a tristeza que costumava se achegar para longas prosas regadas a cigarros e café não lhe acompanhava mais,
a solidão vinha sozinha o que lhe parecia mais frio do que o normal.
Ele preferia não ter preocupações, preferia não esperar por nada,
as coisas vem melhorando gradualmente, um alívio para os ombros
cansados de um crítico dramático e incurável.
Aos poucos seu jeito de ver as coisas amadurece e fica mais abrangente,
fazendo da vida uma ironia gigante passando despercebida aos olhos de muitos,
e ele ali, sentado, um mero espectador a essa imensidão.
No escuro? meu grito, meu distúrbio e em meus textos? um leito, um refúgio.